Passeio Velo Corvo- A Mercier foi a Sintra

 

Para ir a Sintra nunca é preciso grande desculpa, pelo menos para mim. E como entretanto terminei a Mercier do Pedro, a ocasião apresentou-se. A bicicleta ficou excelente e claro, nada melhor do que ir a Sintra para a voltinha de teste.

Já há algum tempo que não fazia um passeio Velo Corvo. O bom tempo está aí. Por isso, nada melhor do que um passeio com picnic, paisagens bonitas e molhar os pés no Atlântico.

Evento criado, grupo reunido. Depois da já habitual viagem de comboio para evitar as horríveis paisagens suburbanas e trânsito correspondente, chegámos à estação de comboios de Sintra.

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Uma senhora decidiu que tinha de passar à minha frente para sair pela saída especial. “Tinha comida ao lume”, disse o Pedro. O que vale é que estamos geralmente bem dispostos.

A estação de Sintra é agora um ponto de encontro de caça turistas. Tuque tuques, tures, táxis e autocarros barulhentos. Começar os passeios mais tarde tem destas coisas: apanhamos com muito mais de tudo o que é menos bom.

A Raleigh mais bonita de sempre

A Raleigh mais bonita de sempre

Os passeios Velo Corvo têm algumas tradições. Em Sintra, para-se para se comprar queijadas. E para-se na fonte Mourisca na Volta do Duche. Garrafas e alforges cheios, siga o passeio.

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Passando o centro da Vila e seu bonito Palácio, hoje prendados com a efusiva e colorida visita do Grupo Motard “Amigos do barulho”, seguimos em frente, passando tudo o que é ósteis, hamburgueres da moda e lojinhas de suvenires.

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Começava a subida.

Realmente, ter uma bicicleta dos anos 70 com uma corrente das antigas torna meter mudanças nas subidas numa aventura. Parece que estou a usar uma colher ferrujenta para meter as mudanças, mas não, é apenas a combinação do desviador Simplex com a corrente das antigas a trabalhar em cima de dentes sem rampas. Enfim.

A subida para o Castelo, pelas 11 da manhã, é uma maravilha. Condutores impacientes para desfrutar da natureza mais rapidamente, ultrapassam-nos em tudo o que é curva e estrada estreita.

Pelo menos não vinha ninguém na outra faixa.

E todos estávamos bem dispostos. Como é que é possível não estar? Ter uma paisagem destas, aqui tão perto de casa é um privilégio. Privilégio este que muitos veêm como objecto postal e não como algo que transcende a simples “paisagem bonita”.

Primeira paragem no topo da subida para o Castelo. Uns dedos de conversa trocados e seguimos direcção à Peninha. Aqui, o trânsito automóvel quase que não existe. Afinal, o Castelo e Palácio eram para o outro lado. Para este lado, entramos no domínio dos caminhantes, ciclistas com roupa especial, barras energéticas com sabor a porco no espeto e turistas perdidos.

A estrada é fantástica. Dá gosto pedalar aqui. Sou lembrado de que pedalar por estas estradas é uma espécie de exercício meditativo, entre o pedalar rítmico e o desenrolar mais lento da verdejante paisagem.

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Mais uma paragem, para reagrupar.

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A estrada para a Peninha continuava. Mas não antes de sermos interrompidos por um senhor envergando um colete reflector. Era mais um passeio de motas. Desta vez, do Vespa Clube não-sei-de-onde. Vréééééééééééé pela estrada em cima. Enfim, exercício meditativo interrompido. Vespeiro do colete reflector acende cigarro e monta-se na mota para se juntar ao passeio, desfrutando da Natureza, seguindo a ambulância (para haver uma resposta mais rápida caso algum tropece a sair da mota direcção ao porco no espeto) e carro com atrelado reboque .

Antes da super-subida para a Peninha, parámos no bonito miradouro. Lá, trocamos mais uns dedos de conversa. O António trocou uma cerveja por um obrigado. O Pedro não aguentou a sede, pois a Mercier dele ainda não tem um porta garrafas. E como já tinha subido muito, comeu também uma queijada. O Rui da Raleigh mais bonita de sempre ponderava a compra de mais uma bicicleta.

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Somos acompanhados por um grupo forrado a licra, que olha para nós com olhar desconfiado. É assim a vida.

A paisagem daqui é bonita. Dá para ver o Guincho, Cascais e às vezes o cabo Espichel. Próximo passeio deve ser até lá. Tudo para correr bem!

Já faltava pouco para chegar à Peninha. Mas antes teriamos de subir mais um pouco.

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A subida para a Peninha é uma das mais íngremes da Serra. Como não quis passar vergonha a tentar meter mudanças, não fui a pé, sofri em silêncio.

 

Chegados à Peninha, é então altura de encher as garrafas na fonte de água cristalina.

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Tirámos alguns bonitos retratos, para emoldurar.

 

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Visto ser Domingo e estar bom tempo, as mesas de picnic estavam ocupadas por uma familia numerosa e barulhenta. Os cães estavam histéricos com a beleza natural do local, pois não paravam de ladrar. As crianças desfrutavam da natureza, dando pontapés na bola, chutando a mesma contra os mágicos pedregulhos que encontramos na Peninha.

Fomos então parar uns largos metros mais à frente, para irmos almoçar.

 

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Cada um trouxe o que acho melhor. O Pedro foi preguiçoso, apesar a Mercier ter dois porta bagagens, obrigou a mulher a trazer-lhe almoço. Não me queixei pois também comi.

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Depois do café feito e de pernas repousadas, estava a altura de começar a rápida descida para o Guincho. A Mercier subiu muito bem. Aliás, acho que todos subimos muito bem. Até o António que trouxe a casa atrás.

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Zás, montanha abaixo. A minha Pyrinées Sport não passa dos 50 km/h nesta descida. Algures entre não ter mais relação de pedalada e os travões Mafac Racer (com calços originais) a abrandarem, achei melhor não de aventurar muito.

A Mercier e Pedro, perdi-os de vista.

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Rapidamente chegámos ao Guincho. Daí, até à praia, foi um tirinho. Antes de ir para a água, ainda houve tempo para arranjar uma bicicleta da Decathlon. Não tenho descanso. O que vale é que a água estava boa. Os mais prevenidos até trouxeram fato de banho!

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Do Guincho até Cascais é um instante. Claro que o facto de irmos todos comer um gelado à concorrente sem fila da Santini ajuda.

Comer gelado depois de um dia a pedalar ao Sol ajuda. Melhor do que comer um gel energético com sabor a ananás e frutos silvestres.

Passeio terminado. Eu estava cansado e fui de comboio. Uns pedalaram até Lisboa, passando cerca de 1000 carros parados na Marginal. Sou lembrado do tenebroso plano de um candidato à Câmara de Oeiras. A sua página de “projetos” é saída de um filme tipo Blade Runner. Viadutos e túneis. Desnivelamentos, faixas extra em autoestradas e parques de estacionamento. E só pensava, na minha viagem de comboio: tanta gente encravada dentro de um carro, perto de uma das mais bonitas paisagens de Lisboa e ao mesmo tempo tão longe….

Gostaram do texto? Gostariam de vir a um dos Passeios Velo Corvo? É fácil: sigam a página Facebook e estejam atentos.

PS: O Pedro pediu-me para referir que conseguiu atingir os 75kmh com a Mercier na descida. Acredito sempre no Strava.

PS2: obrigado António pelas fotos!

2 Comentários

  • Gonçalo Peres

    23.05.2017 em 16:06 Responder

    Lindo. Só faltou a referência ao assunto mais debatido durante o passeio. Aliás, acho que a sua presença enriqueceria o próximo relato com história ainda mais mirabolantes.

    • Pedro Gil

      23.05.2017 em 21:26 Responder

      Convida-o na 6a feira 😀

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