Entrevista à TABOR

Todos nós conhecemos, de uma maneira ou de outra, a TABOR. De certeza que muitos se lembrarão dos grandes selins em couro com grandes molas, quase sempre vistos em bicicletas pasteleiras. Quase de certeza que esse selim era um TABOR.

Recentemente, a TABOR ganhou nova força, com uma imagem gráfica renovada e uma presença forte das redes sociais. Com a apresentação de algumas novidades (cores novas de selins), achei que deveria entrevistar a TABOR para saber exactamente o que esta marca nacional anda a preparar.

 

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Poderiam começar por dar uma pequena introdução acerca da TABOR?

A empresa “Tabor – Organização Ciclista da Borralha” foi constituída em 1965 através da união de cinco empresas da região que produziam selins e decidiram formar uma única empresa, com o intuito de tornar o seu produto (selim) comercialmente mais forte.
A Tabor faz hoje parte do grupo Ciclofapril e dedica-se principalmente ao corte e estampagem de chapa, nunca tendo deixado de produzir selins. Embora actualmente não se dedique  exclusivamente ao fabrico destes componentes, os selins continuam a ser a imagem de marca da empresa, tendo-se tornado o nome “Tabor” num ícone do ramo das bicicletas.
A empresa está actualmente apostada em investir na expansão da comercialização dos seus selins no mercado internacional, nomeadamente no Norte da Europa.

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-A Tabor tem consciência de que quando falam de pasteleiras portuguesas, o que mais referem é o selim cheio de molas TABOR? Parece que os vossos selins estão gravados na memória dos portugueses!

Sim, de facto os selins Tabor são algo que perdura na memória dos portugueses.
O conforto proporcionado por estes selins, o toque do couro natural, associado às suas várias molas reluzentes,  o suave balancear sobre as imperfeições das estradas, foram ao longo dos anos, proporcionando agradáveis passeios nas típicas bicicletas “Pasteleiras”.
São experiências e emoções que quem teve a ocasião de as experimentar, acalenta um enorme carinho pela marca e agora, numa altura de revivalismo neste nicho de mercado, pretende recriar.

-Vemos que a TABOR teve um renascimento, a nível de presença na internet e até de algumas presenças em feiras relativas a equipamento desportivo. O que levou a este renascimento desta marca que parecia um bocado “morta”?

No decurso da iniciativa de promover a marca Tabor nas diversas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram e Pinterest), fomos agradavelmente surpreendidos por termos tomado conhecimento da existência de um grupo no Facebook criado por amantes de bicicletas antigas, mais especificamente dos selins Tabor: um espaço onde se trocam impressões, dicas de manutenção e recuperação de selins antigos, demonstração de trabalhos realizados em bicicletas antigas (as ditas “Pasteleiras”) que muitas vezes ficaram esquecidas numa garagem pelo Pai ou mesmo Avô e ganham agora um novo fulgor, andando agora a circular por aí!
Desta forma, a Tabor com esta alteração dos seus canais de promoção, pretende apenas retribuir o respeito dos seus antigos e também novos clientes que tornaram possível à marca perdurar até aos dias de hoje, tornando o que é memória de alguns, em inesquecível para todos.

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-Sabemos que neste momento fabricam apenas os selins TABOR com molas, tendo três modelos. Com a grande popularidade atingida pela marca de selins Brooks, não posso deixar de perguntar: será que vão diversificar a vossa gama, tendo mais oferta de selins, até com mais variedade de cores?

Claro, a Tabor tem delineada uma estratégia de desenvolvimento de novos modelos de selins, mas pretende fazê-lo  de uma forma estruturada, sustentada nos mesmos padrões de qualidade patentes nos modelos actuais. Este é um processo moroso mas compensatório para o consumidor uma vez que a médio prazo, teremos novidades interessantes para lançar no mercado.
Quanto às novas cores, estas já estão disponíveis em toda a nossa gama de selins, que para além do preto, existem também em Cor Natural, “Marron” (castanho escuro) e “Cognac” (castanho tom de mel). Paralelamente, irão surgir edições limitadas com cores especiais, sendo que este ano foi escolhido o azul turquesa, cor do logótipo Tabor, celebrando os seus 50 anos de existência.

-Pensam ter outros produtos para além de selins?

Sim, a Tabor está em fase de desenvolvimento de uma linha de produtos complementares à área do ciclismo: bolsas, fitas de guiador, punhos, fivelas para pedais, etc., encontrando-se de momento à procura de parceiros nesta área.

-Alguma coisa mais a dizer em jeito de conclusão?

Sem descaracterizar a memória colectiva dos nossos clientes, a marca pretende num futuro próximo, apresentar-se com uma imagem renovada, com uma nova apresentação do produto, contando para isso com uma embalagem personalizada para o selim bem como um saco de protecção do couro, impermeável, tornando todo o conjunto do produto “Selim Tabor” esteticamente apelativo, adequado às novas tendências de design, sem perder contudo, o encanto da antiguidade que caracteriza a marca.

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Podem visitar a página de Facebook da TABOR, para estarem sempre a par das novidades AQUI.

Estejam atentos à página Velo Corvo. Em breve, irei ter a possibilidade de testar um selim TABOR.

Entrevista Ardenne- bonitos sacos artesanais feitos em Portugal!

Não é segredo que aqui na Velo Corvo se gosta de coisas antigas, ou pelo menos com aspecto e construção antiga. Por isso, fiquei muito, muito contente ao descobrir que aqui em Portugal há uma rapariga que se dedica ao fabrico de malas e alforges para bicicleta respeitando o estilo antigo francês.

Claro que tinha de saber mais. Venham conhecer a Marie e a sua marca Ardenne!

 

 

 

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Começa bem 🙂 Os sacos dianteiros são a melhor maneira de transportar o que precisamos. Preço: 140 €

 

 

 

Como é que começaste a fazer as tuas próprias malas para cicloturismo?

 

Esta aventura começou (por estranho que pareça) com uma pasteleira. Como usava, e ainda a uso, para as minhas deslocações diárias, precisava de uma mala prática para transportar a minha tralha e adicionalmente compras. Sendo mais amiga de tentar fazer do que comprar pus mãos à obra com o material que tinha por casa.
Um amigo viu e desafiou-me a fazer uma mala de guiador e um par de alforges e quando dei por mim estava a comprar uma máquina de costura industrial e a correr meio mundo à procura de matéria prima. A partir daí tive uma encomenda de um amigo cicloturista francês, seguiram-se outras e aqui estou eu.
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A pasteleira! Livraison a vélo!
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Detalhe do fabrico.

 

 

Conta-nos um pouco sobre ti. Suponho que tenhas estado na França?

 

 

Nasci em França, vim para cá ainda criança. Segui o percurso dito normal, escola, secundária, universidade. A história só se torna interessante a partir do momento em que decidi pedalar uma pasteleira ferrugenta. Inscrevi-me em dois fóruns (um francês e outro português), bem conhecidos, sobre bicicletas antigas. Tomei gosto à mecânica e redescobri a liberdade que a bicicleta nos oferece a cada pedalada. Sem dar por isso a minha garagem (e a minha vida) foi invadida por bicicletas. Do uso diário passou para o lazer e o fascínio por viagens a pedal foi crescendo instalando-se definitivamente com a minha primeira randonneuse a sério. Em paralelo já estava a começar a fazer malas, pelo que uma coisa reforçou a outra.

 

 

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Mala de selim. Tamanho compacto, excelente para passeios médios. Preço: 60 €

 

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Rolo de ferramentas aberto. Fechado, fica …um rolo, que se prende com fivelas debaixo do selim. Não há desculpas para ir a pé para casa! Preço : 30€

 

 

Ardenne? Explica

Ardenne é o nome mais antigo da minha região natal, conhecida actualmente como Champagne Ardennes. Foi lá que a minha aventura em duas rodas começou e é uma das minhas fontes de inspiração.
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Rolos de ferramentas, fechados.
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Alforges traseiros. Para quando precisamos de transportar mais coisas. Preço:140€

 

 

Como vês o fabrico artesanal numa época que parece estar mais interessada no lucro rápido e modas de fácil consumo?

Vejo que há de facto uma grande tendência para o consumo de massas, produtos que se usam três vezes e a seguir vão para o lixo. São fáceis de obter e regra geral o preço é baixo.
A questão é que o produto artesanal tem algo que o industrial nunca terá: exclusividade.
Falando no meu caso, cada mala é feita para uma pessoa em particular e nalguns casos pensada para uma bicicleta específica, companheira de viagens grandes ou pequenas. O que quer dizer que todo um mundo de alterações e adaptações está disponível para quem compra e com isto a possibilidade de ter uma mala personalizada e verdadeiramente única.
Ao meu ver esta é a grande força do trabalho artesanal, e a que tem maior procura.

 

 

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Alforges dianteiros, compactos. Reproduções de velhos clássicos. Preços: 120€

 

 

Que malas tens neste momento disponíveis?

 

 

Trabalho principalmente por encomenda, para poder oferecer o máximo de possibilidades de adaptar a mala ao gosto de quem a compra e claro, à bicicleta.
Tenho alguns modelos prontos a serem confeccionados :uma mala de guiador em dois tamanhos, alforges de enrolar, dois modelos de alforges, duas variações de rolos de ferramentas e uma mala de selim. Algo me diz que não vou parar por aqui, pois os modelos vão surgindo conforme a necessidade.
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Alforges traseiros em cortiça!

Planos para o futuro?

 

 

Para o futuro gostaria de continuar esta pequena aventura e quem sabe fazê-la crescer.
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..uma bicicleta sem malas fica menos bonita! Mala de guiador grande: 150€

Alguma coisa a adicionar?

 

Claro, quero agradecer a oportunidade de poder falar um pouco sobre a Ardenne e o seu nascimento.

Conheçam a Ardenne na sua página de Facebook.

Viagem Lisboa – Montargil- dia 2: um dia rigorosamente sem bicicleta

Dia de descanso!

Tirando lições da última viagem que fizemos, definimos logo que haveria um dia para descansar. Afinal de contas, lá por estarmos a andar de bicicleta, não quer dizer que tenhamos de sofrer horrores!

Ao contrário do primeiro dia, o Sol não brilhava. E até estava um bocadinho desagradável.  A piscina tresandava a cloro. Era dia de vestoria. E as moscas eram muitas. E as crianças só faziam barulho. A piscina não era para nós.

Fomos então até à barragem.

A vista era de facto bonita.

A vista era de facto bonita.

 

 

Efeito espelho e tudo!

Efeito espelho e tudo!

 

 

 

 

Ahhh , a toalhinha a assentar naquelas pedrinhas.

Ahhh , a toalhinha a assentar naquelas pedrinhas.

 

Não era o local mais confortável para estender a toalha.

Até que reparamos que o parque de campismo alugava canoas. Alugava canoas a um preço que mais tarde viemos a perceber que era perigosamente baixo.

Como nunca tinha andado de canoa, e como era apenas 10 euros por duas horas de milhões de diversão, lá fomos nós.

 

 

1, 2, 1 , 2 , 1 , 2

1, 2, 1 , 2 , 1 , 2

Rapidamente apercebemos-nos de duas coisas:

1-remar custa

2-não sabíamos remar

Com a barragem de Montargil mesmo, mesmo lá ao fundo, decidimos que duas horas iria dar mais do que tempo para lá chegarmos. Afinal de contas, não sabíamos remar, mas rapidamente iríamos aprender.

Paisagem e mais paisagem. E a barragem lá ao funnndo.

Paisagem e mais paisagem. E a barragem lá ao funnndo.

 

Percebemos agora porque é que o preço do aluguer era tão baixo. Remar custa. Custa muito. Deviam subir o aluguer para não haver ideias.

De volta ao parque de campismo,  os nossos vizinhos da frente acabavam de receber a visita do Zézito.

Zé Carlos pronto para o trabalho, já em tronco nu.

Zé Carlos pronto para o trabalho, já em tronco nu.

 

O atrelado é uma tenda de dimensões avantajadas.

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Atrelado em posição.

 

E nasce uma borboleta.

E nasce uma borboleta.

 

Plof. Montada!

Plof. Montada!

 

O jipe vinha, claro, carregado até ao tecto.

O jipe vinha, claro, carregado até ao tecto. Pronto para a aventura!

 

Olhando para as nossas simples bicicletas com alforges, decidimos que afinal não éramos campistas a sério. Para já trouxemos camisas, o que claramente não era necessário para acampar. Fomos então dar um giro pelo parque para ver como é que se acampa a  sério.

 

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Claramente não percebemos nada disto. Nem MEO trouxemos na bicicleta. Nem um bocadinho de relva falsa. A tenda mais à direita é uma cozinha. A sério.

 

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Seis mil euros parece-me um bom preço. Reparem na excelente mobília de inox. Aquilo nunca mais acaba! Relote, avançado, tenda de cozinha, mobília de inox… excelente negócio!

 

Nós nem pedrinhas tínhamos à volta das tendas, criando assim um jardinzinho de inspiração Japonesa. Mestre.

Nós nem pedrinhas tínhamos à volta das tendas, criando assim um jardinzinho de inspiração Japonesa. Nem cactos, nem cadeiras de jardim ressequidas. 

Para apagar as mágoas, voltámos às nossas tendas microscópicas e fizemos um café no nosso fogão microscópico.

Para apagar as mágoas, voltámos às nossas tendas microscópicas e fizemos um café no nosso fogão microscópico.

Enquanto comíamos a nossa micro-marmelada nas nossas micro-bolachas, pensámos. Será que é isto que é acampar?

Pelo menos, o jantar estava bom.